Sisal com novo preço mínimo anima produtores e líderes comunitários



A comercialização do sisal ou agave, fibra biodegradável que sofre forte concorrência das cordas sintéticas, terá apoio do governo com a realização de leilões do Prêmio para Escoamento de Produto (PEP), pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A autorização foi publicada Diário Oficial da União (DOU) de sexta-feira (29), na Portaria Interministerial Nº 26.
?Trata-se de um incentivo para que os produtores de sisal se mantenham na atividade sem vender a fibra por um preço abaixo do mínimo?, resume a chefe da Divisão de Acompanhamento de Fibras e Oleaginosas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Andressa Beig. Ela lembra que, na safra 2009/2010, o preço mínimo do sisal foi elevado, de R$ 0,99 para R$ 1,04 por quilo.
Beig observa ainda que a cultura do sisal tem um grande impacto na economia nordestina, principalmente pela capacidade de tornar produtivas regiões semi-áridas, com baixo índice de desenvolvimento humano. Dados divulgados pela Conab indicam que a cultura desta fibra beneficia cerca de 700 mil trabalhadores, gerando emprego e renda.
De acordo com Andressa Beig, a medida expressa pela portaria de hoje, permite a realização do leilão de PEP do sisal, já em fevereiro. O edital será divulgado no site da Conab. Ela informa, ainda, que a escolha do leilão de PEP justifica-se pela economia de recursos públicos no apoio à comercialização do produto. Serão aplicados R$ 16 milhões para apoiar a venda de 59 mil toneladas de sisal.
Noticia agradou a região de Campo Formoso - Essa noticia agradou ao deputado estadual Elmar Nascimento (PR), que tem sua principal base política no município de Campo Formoso, maior produtor de sisal da Bahia. ?O que me amima são as interferências das grandes lideranças da Bahia, a exemplo do ministro Geddel e do senador César Borges junto ao Ministro da Agricultura Reinold Stefani, nesta luta que vai ajudar uma camada muito carente?.
O deputado denuncia que em sua região muitas batedeiras de sisal já fecharam.
Segundo a prefeita Iracy Andrade de Araújo (PR), a situação não esta pior na área produtora do sisal do município, a exemplo de Tiquara e Brejões da Caatinga, pois os produtores também criam pequenos animais e ?esperamos que estas medidas vem realmente ajudar aos silareiros?, falou. Nesta área vive cerca de 15 mil pessoas, informou a 

prefeita.

Sisal - O Brasil é o maior produtor do mundo, com cerca de 100 mil toneladas por ano (43% do mercado), seguido por China (24%) e Tanzânia (13%). O sertão baiano concentra 90% da produção brasileira, com destaque para as cidades de Valente e Coité. Em 2009, o governo comprou 11 mil toneladas de sisal, totalizando 22 mil toneladas estocadas.
PEP - O Prêmio para Escoamento de Produto assegura o preço mínimo ao produtor. O governo paga o prêmio ao comprador que garanta ao agricultor o preço mínimo e o envio do produto para região pré-determinada, de acordo com as necessidades de abastecimento. Com esse mecanismo, o governo conduz uma política complementar para as regiões deficitárias e melhora a distribuição dos produtos agrícolas, sem necessidade de comprá-los.
Para o secretário da Agricultura, João Barreto Neves (dest) é necessário que a CONAB tenha uma estrutura de armazenamento e o governo facilitar a implantação de indústrias que utilizem o sisal como matéria prima, ?pois a China ta ganhando da gente?, lamentou Barreto.
Conquistas dos movimentos sociais beneficiam sisaleiros ? Para Ismael Ferreira, da APAEB, os movimentos sociais da região sisaleira tiveram duas vitorias recentemente, na busca de melhorias para os sisaleiros.
A primeira foi de garantir que o Programa do Governo Federal para aquisição da fibra do sisal chegasse realmente aos pequenos produtores, tirando os atravessadores do caminho, que vinham ficando com a maior parte dos recursos. Qualquer produtor poderá entregar sua produção a CONAB, bastando procurar a EBDA ou Sindicato dos Trabalhadores Rurais do seu município.
A segunda foi à equalização dos preços, depois de muitos meses de negociação. Com o novo procedimento, que deverá começar no próximo mês, a CONAB passa a pagar a diferença do preço de mercado para o preço mínimo.
Esse mecanismo, segundo o líder cooperativista, facilita todo processo, já que os produtores poderão entregar a fibra nos locais que vendem tradicionalmente, esses lhe pagariam o preço mínimo e comprovando depois, a CONAB reembolsaria a diferença. Além dessa vantagem que facilitaria o acesso dos produtores, as batedeiras e indústrias se tornariam mais competitivas e poderiam vender a fibra, evitando a armazenagem de grandes volumes.
?Vale lembrar, que contamos com a forte colaboração de instituições governamentais nesse trabalho, principalmente da CONAB que vem fazendo um excelente trabalho em nosso Estado e da EBDA que também tem dado grande contribuição na aquisição da fibra do sisal. Outras instituições também se envolveram em muitos momentos, a exemplo da SECTI e SEBRAE?, afirmou Ferreira.
Ele finalizou dizendo que essas conquistas não teriam acontecido sem a organização dos trabalhadores fortalecendo suas instituições e também pela união de esforços das organizações do Território do Sisal, destacando-se: CODES, APAEB, FATRES, ARCO Sertão, Fundação APAEB, COOPERAFIS, entre outras.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas

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