“Certamente vou deixar o governo com dívidas muito
grandes para democratização dos meios de comunicação do Brasil”, admitiu o
presidente Luís Inácio Lula da Silva, na primeira entrevista coletiva para
rádios comunitárias.
Lula recebeu representantes de oito rádios de diversas
regiões do Brasil no palácio do Planalto na manhã de hoje (02/12). A maioria das
perguntas foi sobre atuação das rádios comunitárias e democracia nas
comunicações.
O movimento de rádios afirma frequentemente que as
emissoras nunca foram tão perseguidas como nos últimos oito anos. Esse foi o
tema da primeira pergunta.
O presidente não falou diretamente da
criminalização. Admitiu os problemas no setor, mas fez meia culpa. Disse que se
avançou muito. E destacou que há problemas para aprovação de novas
regulamentações no legislativo, “uma visão equivocada do Ministério Público” e
muita pressão dos meios de comunicação comerciais.
A I Conferência Nacional
de Comunicação foi citada várias vezes pelo presidente. Segundo Lula, a Confecom
realizada em dezembro “abriu os olhos da sociedade para o que pode acontecer com
as comunicações no país”.
Lula aconselhou o movimento a se organizar para
a construção de um novo marco regulatório. Segundo o presidente, a relação do
movimento com a presidente-eleita Dilma Rousseff deve ser boa, a importância do
Ministério das Comunicações no próximo governo será maior e a correlação de
forças no Congresso, especialmente no Senado, está melhor. Em outro momento,
Lula afirmou que a futura presidente é “entusiasta” da nova lei de comunicações
que está em gestação no governo.
Ainda sobre o tema, o presidente
comentou a questão do monopólio da mídia. Disse que não há mais um monopólio das
comunicações no Brasil porque as coisas estão melhorando. Mesmo assim, ele
criticou a reação da mídia comercial a qualquer tentativa de regular o setor das
comunicações. Para o presidente, esse setor da mídia não aceita críticas e chama
de censura qualquer tentativa de regulação.
Para Lula, “não é normal que
não tenhamos criado as condições para que se tenha o conteúdo regionalizado”. No
entanto, um dos motivos desta falta de regionalização é a concentração histórica
da mídia no eixo Rio-São Paulo.
O presidente também falou sobre os debates
conservadores da campanha eleitoral. Outro tema foi a dinaminazação da economia
local por meio de mecanismos como a obrigação de que 30% da merenda escolar seja
comprada de pequenos agricultores da região onde está a escola.
Sobre o
futuro, Lula voltou a afirmar que precisa primeiro “desencarnar” da presidência.
Depois, pretende levar experiências do Brasil para outros lugares do mundo,
especialmente países da África e da América Latina.
(pulsar)
ld/lc
02/12/2010
Audios disponíveis:
Lula comenta os
avanços alcançados com a Confecom e o papel das rádios no novo marco regulatório
das comunicações.
55 seg. (432 KB) arquivo mp3
Lula fala sobre a
dificuldade da mídia comercial em aceitar críticas.
53 seg. (416 KB) arquivo mp3
Lula comenta a
necessidade de regulação da mídia. E pede para os ativistas da comunicação se
prepararem para esse debate.
1 min 09 seg.
(540 KB) arquivo mp3
Lula comenta a
importância das rádios comunitárias para a sociedade.
1 min 9 seg. (540 KB) arquivo mp3
O presidente fala
sobre a nova correlação de forças no Congresso e a relação de Dilma com as
rádios comunitárias
1 min 1 seg. (480 KB) arquivo mp3
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