A
equipe do CN visitou recentemente o município de Pintadas,e ao chegar à cidade,
populares lamentavam a situação de dificuldades que os pecuaristas,detentores
da principal fonte de economia da região, estão passando.
Estima-se que 1.800
cabeças de gado, num espaço de 60 dias, já foram transferidas para o município
de Alagoinhas, onde os proprietários dos animais estão alugando pastos a R$ 30
por cabeça, evitando que morram em consequência da seca, pois desde agosto de
2011 que não chove na região, segundo o agricultor Pedro Almeida, 60 anos,
residente na cidade e dono de propriedade na região conhecida como Canto, na
divisa com o município de Mairi, uma das mais secas. “Na minha região moravam
mais de 150 pessoas e hoje não mora quase ninguém, pois não é possível resistir
tanto sofrimento, tanto humano, como animal. Parece que não vai ficar nada
naquela região”, lamentou “seu Pedrinho”, como é conhecido.
José
Antonio, que tem uma propriedade próxima ao Rio do Peixe, disse que volta
angustiado todas as vezes que vai a roça, pois o gado é todo o tempo berrando
de sede, pois as cacimbas secaram e o resto de água do rio, salinizou e
misturou com lama que nem os animais estão conseguindo beber. “Quem tem
dinheiro, arrisca, aluga pastos e, outros lugares e bem longe daqui e quem não
tem vai acumulando prejuízos”, falou Zé Antonio.
Na
quarta-feira pela manhã, mais dois caminhões, com 25 animais cada, saíram da
Fazenda Boa Sorte, de propriedade de Esmeraldo Ferreira Almeida com destino a
Alagoinhas. “Só da nossa família, já transferimos mais de 300 animais”, contou
um dos filhos de Esmeraldo, Fábio Ferreira Almeida.
Aos
70 anos, Antonio Gabino Carneiro, casado, 11 filhos, residente na Fazenda
Maravilha, admite que não têm como tirar o gado da região e vai tocando como
pode. Na comunidade resta apenas um pouco de água que não dura trinta dias numa
barragem conhecida por Lelo e os pastos secaram totalmente. “O gado aqui já
esta caindo. Tenho este aqui que ficou “escadeirado”, pois outro animal caiu
por cima dele e tenho uma vaca parida com dois bezerros, que não está
agüentando andar e o jeito é colocar na “caçola” (um método antigo, também
conhecido por giral)”, contou o aposentado.
Ele
está alimentando o gado com palma e mandacaru. “A situação piora a cada dia,
pois os espinhos do mandacaru estão duros e tem que ser queimado na base do
botijão e tudo isto é custo”, lamentou. Gabino disse que choveu um pouco no mês
de outubro e deu para juntar água para 60 dias.
Quando
o assunto é seca,o produtor lembra bem o sofrimento de 1961, 1971, 1980, 1983,
1991 e 1994, os anos considerados por ele mais secos desde que se mudou de
Riachão do Jacuípe para região. “A única coisa que mudou nesta região foi esta
barragem de Lelo que o governo construiu, mas o resto estar à mesma coisa”,
lamentou mais uma vez.
O
secretário da Agricultura, Dermival Epfânio de Almeida disse que em setembro,
80% das barragens do município já estavam secas e foi decretado estado de
emergência, reconhecido pelo governo do estado. Em fevereiro, depois de efetuar
outro levantamento, constatou que 96% das barragens haviam secado e o decreto
foi renovado e mais uma vez reconhecido pelo governo. “Se continuar do jeito
que vai, em 14 de maio, quando vence o decreto de emergência, nós vamos
decretar estado de calamidade e este assunto já conversamos com o Conselho de
Defesa Civil”, falou Almeida.
Segundo
o secretário, só tem água para o consumo humano na barragem conhecida como
Pantanal, na região do Povoado de Zé Amâncio e mesmo assim, pouca coisa, no
Macaco, que fica a 03 km de sede, onde a população pega com carroça ou
carro-pipa e da barragem de São José, que não tem condições para o consumo
humano. “Estamos conversando com o governo para concluir a obra da adutora de
Pedras Altas, mistura a de São José, para melhorar a qualidade da água”, falou
o secretário. “Se
o problema da nova adutora não for logo resolvido e acabar o resto de água, a
solução é pegar água no Rio Itapicuru, em Iaçu, que fica á 15O km de
distancia”, encerrou o secretário.
Fonte:
www.calilanoticias.com
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