Pedro da Viola de Mairi conta como garantiu viagem para Exposamba em 2012

Pedrito Queiroz de Oliveira, ou Pedro da Viola, vive na zona rural de Mairi, cidade baiana com cerca de 20 mil habitantes. No ano passado ele ganhou fama na pequena cidade. É que ele foi escolhido compositor revelação da São Paulo Exposamba. Além disso, a música “Porto Seguro”, apresentada por ele em parceria com o amigo Joabe, ficou com o quarto lugar na mostra, segundo o júri técnico. Pedro é grato a todos que lhe ajudaram a conquistar os prêmios, mas nunca vai se esquecer da ajuda que recebeu de uma amiga especial: uma cadela.

“Um amigo viu na internet a informação sobre o concurso. Ele disse: ‘seu Pedro, tem um festival de samba em São Paulo, você devia se inscrever’. Eu não tinha dinheiro, ia pagar a passagem como?”, recorda. Por insistência do amigo, ele se inscreveu na Exposamba e foi chamado para a seleção, em São Paulo. Pedro passou a realizar apresentações musicais para conseguir o dinheiro, mas mesmo assim não alcançou o valor total.

“Esse amigo me perguntou se não tinha nada que eu pudesse vender para pagar a passagem. Eu disse: só tenho uma cadelinha. Era uma beagle que estava com a família há quatro anos”. O conselho do amigo resolveu o problema: “vende a cadela e pega o dinheiro”.

Pedro garante que adorava o bicho e diz até que sente saudades dela, mas não se arrepende. “Quem mais ajudou a pagar as passagens para São Paulo foi a cachorra. Quando eu voltei, queria até comprar ela de novo, mas o novo dono tinha se mudado para Minas”, lembra ele.

Todo o esforço foi recompensado com a premiação. “Saímos de Mairi, sem apoio, saímos do nada, com nosso samba de raiz. Nunca teve uma pessoa para levar o samba raiz de Mairi até São Paulo, para mostrar para o Brasil e para o mundo o samba daqui. As pessoas ficaram surpresas com a gente, porque nós cantamos no meio de profissionais, gente de todo o Brasil, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro”, diz o músico, orgulhoso do trabalho.

Pedro faz apresentações em churrascos, cavalgadas e aniversários. Ele diz que os convites aumentaram depois dos prêmios. Boa notícia para quem já cantou em troca de refrigerantes ou até mesmo por apenas R$ 15. E olha que o talento, ele garante, é natural. “Eu nunca tive professor, nem pra tocar instrumento. Aprendi sozinho e gostando da música, a pessoa tem que se dedicar gostando do que faz”, explica.

Na Exposamba do ano passado, Pedro formou dupla com o amigo Joabe. Recentemente, por conta de um problema de saúde do companheiro, o parceiro teve que mudar, mas ele nem pensa em deixar de participar dessa edição da mostra. Pedro da Viola espera alcançar resultados ainda melhores este ano. E sem a ajuda da cadela. “A Exposamba do ano passado foi uma força para gente do samba da Bahia, uma vitrine, foi um tempo de experiência, de cantar, de se educar no palco, de compartilhar com os amigos. Foi uma oportunidade e o povo do nordeste gostou bastante”, relembra.

Pedro vive da roça, como ele mesmo diz, e faz questão de lembrar que a seca pode ser um problema sério na região. Talvez isso tenha motivado o tema do samba que ele inscreveu na mostra deste ano, que fala sobre meio-ambiente. “O povo da Bahia está todo ansioso para saber se eu vou ser chamado de novo’, diz ele, ansioso.
Pedro (direita) e o então parceiro Joabe se apresentam na Exposamba.
Fonte: G1

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