Foto: José Cruz/Agência Brasil

Chega a tão esperada sexta-feira, o famoso “sextou” e um pensamento e uma vontade se passa pela cabeça de muitos baianos: “Dia de tomar uma”. No entanto, a prática de beber e consumir uma bebida alcoólica no final de semana, pode estar ameaçada no estado. 

 

Isso porque, um alerta se acendeu entre especialistas da área de saúde e gerou uma certa preocupação e medo entre parte da sociedade: bebidas adulteradas com metanol. Um surto de intoxicação por metanol associado ao consumo de bebidas alcoólicas foi registrado no Brasil, com a confirmação de mais de 11 casos, seis mortes e 52 suspeitas em São Paulo, além de Pernambuco e Distrito Federal.

 

A Bahia também notificou como suspeita uma morte, na manhã desta sexta-feira (3), na cidade de Feira de Santana. Após os registros, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em coletiva de imprensa nesta quinta (2), sugeriu que seja evitado o consumo de destilados sem a informação da procedência do produto e reforçou que as bebidas alcoólicas “não são essenciais”.

 

Os produtos em si teriam um risco maior de contaminação e presença da substância. Mesmo assim, uma dúvida e um medo surgiram entre pessoas que consomem bebida alcoólica. É possível ter uma intoxicação por metanol após consumo de outras bebidas, a exemplo de cervejas e vinhos? 

 

Em entrevista ao Bahia Notícias, a infectologista Clarissa Cerqueira indicou que pode existir a possibilidade de contaminação através da cerveja. No entanto, a chance é menor do que em outras bebidas como whisky, vodka, gin e outros tipos de destilados. 

 

“Até que pode [intoxicação por metanol na cerveja], mas não é comum. O mais frequente que a gente observa são as bebidas destiladas”, disse a médica. 

 

A especialista apontou que o fato se deve também por conta do nível de álcool obtido na cerveja ser menor do que em destilados.

Fonte: Bahia Noticias

 

“Na cerveja tem menos nível de concentração alcoólica. Um fato que influencia a intoxicação é que não basta ter metanol, é necessário uma quantia suficiente para causar sintomas de intoxicação. Muitas vezes você pode ter uma cerveja que tem uma concentração mais baixa de álcool. Ali a pessoa poderia estar ingerindo metanol, mas não sentiria danos grandiosos”, afirmou. 

 

A profissional elencou ainda que a dose do metanol ser encontrada na concentração de álcool em 5% de uma cerveja, seria mais difícil, diferente de outros tipos de bebidas. 

 

“A dose oral do metanol é de 30 a 240 ml.  É uma dose alta. Como a cerveja tem concentração de 5%, é muito difícil ter a intoxicação. O destilado, que a gente já tem uma concentração maior pode chegar em até 40%", ponderou.

 

Entretanto, a médica apontou que a quantidade de cerveja consumida pode aumentar o risco de uma contaminação por metanol. 

 

“O risco existe, mas é baixo porque ele depende da quantidade de cervejas ingeridas. O percentual de concentração do metanol na cerveja é a quantidade de cerveja ingerida”, explicou. 

 

E O VINHO? 
Outra bebida que entrou no meio dos debates foi o vinho.  Segundo a médica, assim como a cerveja, o processo de fermentação contribui para que a chance de uma doença seja menor. 

 

“O vinho é mais difícil por conta do processo de fermentação. Mas, ainda assim é uma possibilidade. Diria que é equivalente à cerveja. Porém, tem um risco maior, é intermediário”, comentou.

 

“A explicação é pela concentração de álcool. Porque quanto maior a concentração de álcool, a equivalência que você poderia ter em metanol pode ser maior”, completou.